A garota lembra do caso. Passa por sua mente possíveis cenas do ocorrido.

Que cruel. Desumano..

Já é tarde e ela está ali. De frente para a tv. Não está sozinha.

Milhares de pessoas acompanham de algum lugar, um homem falando, rapidamente, palavras que se resultarão no destino de duas pessoas.

Todos curiosos. Olhos e ouvidos atentos.

Enfim o que todos queriam escutar.

Várias frases que se resumiram em: Culpados. 31 para o homem. 26 para a mulher.

A garota não sente o que pensou que sentiria.

As pessoas na tv, gritam. Todos alegres. Fogos no céu.

A garota não sentia nenhuma alegria. A situação não era de alegria. Era triste.

Mas era a verdade. A mulher colocou o "the" na história da pequena menina e o homem JOGOU um "end".

Infelizmente foi o que aconteceu.

A garota se despede. "Se cuida" diz o Anjo
Ela batalha contra a emoção.
A fila anda, o seu Anjo tem que ir. Mas a garota sabe que não vai demorar muito para elas se reencontrarem.

O moço olha a passagem, sinaliza um Ok.
A garota abraça o anjo, "Thial" O Anjo entra.

"Você quer ver o avião subir?"

A garota balança a cabeça em sinal negativo, ela ainda luta. "Eu não vou chorar" pensa.

"Vamos...vai demorar um pouco ainda" A garota quer ir embora.


Ela não espera o avião decolar. Ela não resistiria. Ela perderia a batalha.


E agora tudo começa de novo...

A garota abaixa a página ... sem grandes intenções.

Um sorriso estampa seu rosto.

A emoção toma conta.

"Ela respondeu" As lágrimas escorrem. Dessa, vez, não tristes. Longe disso.

A garota tem vontade de gritar, saltar, cantar!

A música da estrela toca coincidentemente nas caixas de som nesse momento.

A janela, minimizada.

A garota ainda não teve coragem de ler tudo.

A garota se emocionou, ela não conseguiu segurar, dessa vez as lágrimas percorreram seu rosto.
Ela tenta entender. Ela realmente tenta. Mas tudo em vão.

Ela quer sorrir. Mas se acha tão inferior à tudo que dizem!

A garota fecha os olhos e tenta parar no tempo. Ela não consegue. Definitivamente ela tem que entender que o tempo passa.

Ela coloca uma música para tocar. Escuta intensamente.

Olha para o relógio. Já é tarde.

"Nao vai dar para terminar de escutar"

Ela aperta 'Stop' e vai se preparar para mais um dia de aula.

Ela escuta. Sentada naquele banco escorada na mesa, a garota ouve cada palavra que a moça diz. A televisão...alta. "O controle só está aumentando" lembra a garota. Tenta ignorar o som, que quer, impertinente, atrapalhar.

Ela adora ouvir a moça. Cada palavra torna-se um aprendizado.
Em certo momento os olhos da garota se enxem. "Não , não deixe que perceba” Ela baixa o olhar e volta a escutar.

A garota somente escuta. Não fala. Ela quer escutar. Ela gosta. Ela sente.

Ela pensa no passado. Ela lembra da primeira conversa com a moça. A garota sabe que está certa. Ela sente, ela acredita.

A moça para de falar. A garota pede colo. Estranho, mas ali tudo se acalma.

A garota simplesmente escolheu seguir o coração. E ela sente que tudo é verdadeiro.

“Você está com sono” A garota não gosta de incomodar.

E a conversa termina com a moça: “se precisar de alguma coisa é só me chamar”

“Boa noite” A garota sabe.

　

　

Ela olha ao seu redor.
Árvores, folhas, flores, fogão à lenha, piscina, casa amarela...
Ela gosta daquilo. O sol brilha agora, um pouco mais intenso.
O céu, antes cinza, passa a se tornar azul. Bem aos poucos... As nuvens se movimentam.
A formiga desce pela madeira "Como tudo deve ser tão gigantesco para ela".

O calor aumenta. A garota não gosta muito.

Ela não está sozinha. O Rei está andando com seu nobre amigo.
A mulher do Rei está preparando algo.
Não é como a madrasta da Branca de Neve. Ela não tem um espelho que fala, muito menos se transforma em bruxa para oferecer maçãs envenenadas.

A garota gosta da mulher do Rei.

Ela olha novamente em sua volta. Naquele lugar, ela se sente bem. A garota está feliz por estar ao lado do Rei, ao lado de pessoas que ela gosta.

E assim se segue. Entre carinho, árvores, folhas, flores, fogão à lenha, piscina e a casa amarela.

Ela olha a chuva cair. O tempo está cinza.
A garota tem que sair. Pega sua sombrinha.
"Estou atrasada?" pensa ela.
Ela se prepara para mais um dia no seu refúgio.
Ela vai para a escola.

Na rua, os pingos fortes de chuva conseguem encostar em sua pele. Gelados.
Seu destino está a um pouco mais de 70 metros... "Mas são muitos obstáculos!"
Ela desvia de cada poça... decide atravessar.
Era de se esperar, um motorista passa por cima da água. Molha a garota.

"Agora só falta atravessar a rua" pensa aliviada.

Ela procura por um lugar melhor para passar, muita água corre com muita força.
"1, 2, 3 e...." Não deu. Ela mergulha os pés e corre para dentro.

"Ei! Se molhou muito?" Ela olha para trás: "Pois é!" responde se esquecendo da raiva que sentia daquela chuva. Ela sorri.
E a garota e seu amigo seguem para a sala. Ambos molhados de chuva.





Ana ♥

E ela aperta a tecla. Foi o momento fatal. Ela apaga sem querer uma séries de recordações. A garota se desespera, procura por todos os cantos possiveis. "Onde está? Por favor apareça"
A garota vai em um lugar possível. Decepção.
Ela tem vontade de chorar. "Eu carreguei um ônibus, eu brinquei com os patos, eu senti aquela flor... eu sorri..." E agora, como ela pode rever esses momentos?
Ela tenta achar soluções. "Mas como?"

A garota espera, espera... 25%, 28%... como demora...

A menina entrou. Pelo menos agora a garota terá algo para se distrair enquanto espera o resultado. E continua no 28%.

A menina responde a garota. A garota sorri.

Continua nos 28%... "Quem sabe amanhã eu consigo"

A garota vai dormir.